sexta-feira, 28 de dezembro de 2007
Bird Eyes - II
Me empolguei com a questão dos bird eyes, e gostaria de compartilhar mais uma preciosidade. Não é para ficar olhando por um bom tempo?
Segue outra foto, com fundo escuro fundo.
Clicando nas fotos é possível ver em tamanho maior, e com mais detalhes.
Falando em detalhes, é interessante como através das fotos é possível explorar melhor a complexidade da trama da fibra do briar, por exemplo, ressaltando o contraste como abaixo (não deixe de clicar para ver no tamanho original).
Mágico, pra dizer o mínimo.
É a natureza aprontando das suas... perfeição nos detalhes.
quinta-feira, 27 de dezembro de 2007
Bird Eyes
Bird Eyes... eis uma das características do Briar, ou Bruyere, que me deixa fascinado...
Já tive a oportunidade de ver vários tipos de manifestação deles, desde os mais espaçados, envolvidos numa espécie de bruma, até os mais compactos e unidos.
Quando estive na Bertoldi, encontrei um cachimbo que possui um belo exemplo desse último tipo, muitos deles, miúdos e bem juntos, num dos lados.
Apesar do cachimbo ter um restauro no começo do cabo, junto do fornilho, a miríade dos olhinhos de pássaro me fizeram levá-lo.
Deixo uma foto para os confrades poderem apreciar (clique na imagem para um tamanho maior).
quinta-feira, 20 de dezembro de 2007
Feliz Natal e boas festas!
quinta-feira, 6 de dezembro de 2007
sábado, 1 de dezembro de 2007
Diário de um pé de fumo - Parte 2
Prezados confrades, seguem novas fotos dos pés de virgínia, estão crescendo que uma beleza, viçosos e saudáveis. Tem tomado uma boa dose de sol diariamente, acho que isso tem ajudado bastante.
Tirei fotos bem próximas para ver com detalhes, notem a penugem que recobre a planta, principalmente no caule.
Os pés já tem em torno de 20 e 17 cm, e da pra notar cada vez mais como as duas são diferentes, a maior possui folhas mais largas e verdes, a outra mais estreitas e claras.
É interessante notar como o desenvolvimento da planta é diferente de plantar ao ar livre, ela parece mais frágil, mas também mais bonita e limpa.
Tem um pé de aroeira do lado, como se pode ver em uma das fotos, que também cresce bem diferente em relação à muda nativa, até na coloração da copa, pois a do mato é meio roxa. Quando plantei, a muda parecia que não ia pegar, acabou secando totalmente. Já ia arrancar do vaso, pois tinha ficado um graveto apenas, quando notei um minúsculo broto, então resolvi dar uma chance e resultado é esse, um belo pé de aroeira.
É como diz minha mãe, "tem que ter amor nas plantas".
Ela tem razão.
Mais fotos aqui.
quinta-feira, 22 de novembro de 2007
Viagem à terra do Cachimbo
Com a correria dos últimos dias, acabei não conseguindo postar aqui algumas novidades, dentre elas, uma que faço questão de relatar agora.
No segundo sábado deste mês, fui visitar meu grande amigo de infância e também confrade Gilvane, na bela cidade de Joinville. De lá, tomamos o rumo de Timbó, com a idéia de fazer uma visita à fábrica da Bertoldi.
Chegamos já passado do meio dia, num dia bastante quente, e depois de algumas tentativas, achamos a fábrica.
Apesar do horário, o Sr. Ildefonso veio nos receber muito bem, diga-se de passagem. Como já era hora do almoço, marcamos para nos encontrar alí novamente em seguida. Depois de um ótimo almoço, voltamos e o continuamos a visita.
O Sr. Ildefonso nos mostrou uma grande variedade de cachimbos e acessórios, dos quais nós pudemos escolher a vontade, (o grande problema acabou sendo a dúvida sobre o que levar!). Sossegando um pouco o consumismo cachimbístico, sentamos e passamos a conversar. O assunto, é claro, vocês devem imaginar muito bem.
O papo foi se desenrolando, e inevitavelmente acendemos cada qual um bom fornilho e a conversa ficou ainda mais inspirada, durando umas boas 3 horas, entre risadas, novos conhecimentos adquiridos, e belas colunas de fumaça subindo.
Fomos então apresentados a todas as etapas da produção pelo Sr. Ildefonso, que mostrava tudo com orgulho, desde o simples pedaço de madeira, passando por várias máquinas, tomando forma, até se tornar um belo cachimbo.
Vimos também exemplos de belas madeiras exóticas aplicadas na fabricação do cachimbo, mas que não se prestam por não resistirem ao calor e racharem com facilidade. Realmente uma pena.
Dentre as que me chamaram bastante atenção: Carvalho, Jaboticabeira (já tive um! se soubesse que era dela, não tinha aceso e partido ele...), e umas outras duas que não lembro o nome, mas que tinham o desenho das fibras muito bonito.
Fico devendo as fotos, pois estas acabaram ficando em segundo plano, e as poucas que tirei não ficaram boas. Numa próxima visita compenso esse detalhe.
quinta-feira, 15 de novembro de 2007
quinta-feira, 8 de novembro de 2007
Diário de um pé de fumo - Parte 1
Aliás, são dois pés de fumo, mas achei que o título ficaria melhor assim.
Então, como havia comentado com confrades da CAC, resolvi fazer um acompanhamento do crescimento das mudas.
São dois pés de Virgínia, de variedades diferentes. Essas variedades são desenvolvidas pensando em ressaltar características como desenvolvimento mais rápido, resistência à pragas, etc. Mas não sei dizer quais as melhoras nessas duas.
Estão plantadas a um mês mais ou menos, e tem se desenvolvido bem. Os vasos com o tempo devem se tornar pequenos pra elas, mas vamos ver como fica.
O objetivo de ter plantado essas mudas é acompanhar e estudar seu crescimento. De uma maneira bem amadora é verdade, ou talvez seja também uma desculpa para acender um cachimbo, sentar e ficar olhando "o pé de fumo crescer" ao invés da grama heheheh... qual vocês acham que cola mais?
Talvez elas não cresçam muito, já que moro em apartamento e o sol que dispõe é limitado. No campo o manejo geralmente consiste de aplicação de inseticidas, retirada da copa e desbrotamento (para encorpar as folhas), controle de ervas daninhas, etc...
A meu ver, a principal dificuldade no plantio do fumo, como em muitas culturas por sinal, é o controle de pragas, entre em insetos, fungos e doenças. Uma lagarta do fumo pode arruinar com várias folhas, pois come muito e vorazmente.
Existem muitas outras pragas, que não conheço ou não me recordo agora, mas que podem ser piores ainda, pois no caso de uma doença, o pé inteiro pode morrer.
Plantando em casa espero que pelo menos fique mais fácil de controlar essas pragas comuns no campo.
Mais fotos das mudas, aqui.
quarta-feira, 31 de outubro de 2007
O temporal
Ontem, depois de um violento temporal no começo da noite, nos vimos sem energia elétrica aqui em casa.
Sem muito que inventar em casa, resolvo então me sentar no sofá, acender um bom fornilho e pensar um pouco na vida.
Ali no escuro, tendo a brasa alaranjada em meu fornilho como testemunha, mais uma vez me ocorre como somos dependentes da tal energia elétrica. Não só muitas de nossas necessidades, como muitos de nossos passatempos dependem diretamente dela.
Porém nessa mesma hora, não consigo evitar em abrir um sorriso de orelha a orelha, pois dou-me conta que tanto nos dias de hoje, uma época tão repleta de opções em entretenimento e diversão, como na época dos lampiões, onde não havia tanto o que fazer, mas em compensação as pessoas viam o tempo passar muito mais calmamente, o bom e velho cachimbo continua sendo fonte da mesma satisfação e inspiração. É ao mesmo tempo tão atemporal quanto simples.
Sentado ali, no escuro da sala, acabo por me sentir confortado, pois me fica a certeza que, se de uma hora para outra, nos víssemos de volta a uma época de trevas, ao menos essa satisfação não seria tirada de mim.
sexta-feira, 26 de outubro de 2007
Novidades
Estive em viagem nos últimos dias, o que me impediu de postar aqui várias novidades em cachimbos e tabacos importados.
Mas neste fim de semana espero conseguir por em dia essas postagens.
Aguardem.
quarta-feira, 17 de outubro de 2007
O preferido
Todo cachimbeiro possui um cachimbo preferido, as vezes até mais de um, pois o critério de preferência é muito pessoal, e depois de um tempo na estrada, chegamos a um ponto em que existe "o de melhor fumada", "o primeiro", "o mais vistoso", e por aí vai. Se todas essas características se reunirem num só, perfeito.
No meu caso, preferi alçar a este posto um cachimbo simples, sem muitas particularidades, exceto o fato de ter sido o primeiro.
Infelizmente, meu preferido não me pertence mais.
Não, eu não cometi o crime de vendê-lo. O que aconteceu com ele eu já contei aqui, em uma de minhas primeiras postagens.
Vão-se os dedos, ficam os anéis... ao menos fiquei com as fotos dele, e uma delas ilustra o título deste blog. Nada mais justo, acredito.
Como na época meu estado no que se refere a conhecimento na arte cachimbeira ainda era próximo do de uma bactéria, não posso nem dizer hoje se tinha uma boa fumada, mas posso dizer que sempre o achei muito bonito, em sua simplicidade.
Isso ilustra um pouco como funciona a valoração de algumas coisas em nossas vidas, o valor que depende sobretudo da importância que lhe atribuímos. E esse valor é estritamente particular, o tal "valor sentimental".
Existe um sucessor? Poderia até existir, mas prefiro deixar o primeiro lugar como que ocupado por uma presença... quase que espiritual.
segunda-feira, 8 de outubro de 2007
Belos cachimbos - 3
domingo, 7 de outubro de 2007
Balkan Sobranie
Eis um tabaco que a algum tempo atrás, e lembro muito bem, pensei comigo "Que pena, nunca vou provar dessa maravilha..."
O destino, como que ouvindo meu lamento, colocou no meu caminho uma chance. Eis que o confrade Alexandre, numa de nossas reuniões cachimbescas, oferece a mim e ao confrade Leopoldo, um pacote misterioso. Após algumas tentivas tentando adivinhar, ele revela: Balkan Sobranie.
Espanto.
Por conta disso, aproveito a ocasião para também agradecer a ele por ter gentilmente cedido uma boa porção dessa maravilha.
Essa é minha primeira mistura balcânica, e melhor não poderia ser, afinal, esse é um blend lendário, e infelizmente, não mais disponível. Uma pena, pois deixará fãs no mundo todo pelo que tenho visto.
Confesso que a primeira tentativa não surtiu o efeito desejado, pois não consegui interpretar devidamente.
Pensando nisso cheguei a uma conclusão, que bate um pouco com um comentário do Alexandre, que de início não achou nada de muito diferente além da presença do latakia. Tenho a impressão de que talvez latakiados em excesso banalizem um pouco nossa percepção para outros tabacos que o tenham em sua mistura.
É aquela história, o primeiro latakia a gente nunca esqueçe, mas talvez os seguintes já não marquem tanto...
Mas como tudo na vida, e tabacos em especial, o tempo, e novas investidas, me fizeram dar a justa interpretação.
O fato é que é um tabaco bastante complexo, e além de ser necessária uma certa vivência até ele revelar todos os seus segredos, ou ao menos uma boa parte. É preciso também um certo estado de espírito favorável.
Obviamente, o latakia marca sua presença, sobressaindo sobre os demais tabacos (virgínia e Yenidje) que compõe a mistura.
Por conta disso, não será desta vez que terei uma idéia do sabor de um tabaco turco. Paciência. Tenho tempo e muita coisa para experimentar ainda.
Pretendo experimentar tabacos orientais puros quando possível, como já fumei o latakia, para saber discernir e atribuir melhor o seu peso em misturas.
Voltando ao Balkan, seu aroma no pacote é suave, com a distinção clara de que alí tem latakia.
Queima bem e com razoável lentidão,de maneira uniforme.
Possui uma boa dose de nicotina, pois no fim da cachimbada deu pra sentir uma leve tonteira. Em contrapartida, não pega na língua em absoluto.
Assim, tem-se uma fumada rica em sabor, mas também forte, devendo-se ir com paciência, literalmente vendo a grama crescer.
É um tabaco que eu gostaria muito de ter comigo no futuro, uma pena que isso não será mais possível, exceto pelas valiosas latas antigas que as vezes aparecem por aí, mas que também são caríssimas.
Ps.: Fico devendo uma foto da embalagem, quero ver se consigo com o confrade Alexandre, mas acredito que é o mesmo modelo da primeira foto.
terça-feira, 2 de outubro de 2007
Mulheres cachimbeiras
Embora fumar cachimbo seja históricamente um hábito bem mais masculino que feminino, não há como negar o direito delas a compartilhar do velho companheiro fumacento.
Acredito que mulheres que cachimbam, certamente tem algo a mais para dizer.
Gostaria de saber o que ia pela cabeça dessa senhora no momento da foto.
sexta-feira, 28 de setembro de 2007
Corn Cob Pipe Museum
A foto acima é de parte do acervo do Corn Cob Pipe Museum, em Washington, Missouri, terra da Missouri Meerschaum Company, a maior fábrica de corn cobs pipes, ou cachimbos de sabugo de milho, do mundo.
Vale a pena saber um pouco mais sobre sua história.
A empreitada teve início em 1869, quando um imigrante holandês de nome Henry Tibbe, marceneiro de profissão, produziu seu primeiro cachimbo feito de sabugo de milho. Um fazendeiro pediu a ele que fizesse mais alguns, gostou muito, e o Sr. Henry passou a vender os corn cobs em sua loja.
Em pouco tempo trabalhava mais com os corn cobs do que com madeira. E em 1907 a H. Tibbe & Son Company tornou-se a Missouri Meerschaum Company.
No começo o sabugo de milho disponível cumpria bem com a função, mas atualmente a fábrica usa uma variedade especial de milho, desenvolvida pela Universidade do Missouri, a qual produz sabugos grandes e resistentes, mais de acordo com seu destino. Esse milho é cultivado em uma área própria de 140 acres, de fundos para o Rio Missouri.
Após colhidos, os sabugos desse milho especial precisam descansar por um período de 1 ano a 2, até que estejam devidamente secos e curados.
A produção do corn cob pipe não se alterou muito com o passar dos anos, ainda exige um bom tanto de trabalho manual, sendo que algumas etapas passaram a usar máquinas adaptadas.
Atualmente a fábrica possui 50 empregados, que produzem em torno de 5.000 corn cobs por dia.
Enquanto não podemos conhecer pessoalmente, vale dar uma olhada nessa galeria, com fotos do acervo do museu.
Fonte: Missouri Meerschaum Company
quarta-feira, 26 de setembro de 2007
Quero envelhecer assim...
Aos confrades que já passaram dos 60, saibam que são nossos exemplos de vida.
terça-feira, 25 de setembro de 2007
Mac Baren Light Blend
Sou suspeito pra falar mal da Mac Baren.
Nossa relação começou difícil e um tanto tumultuada, minha língua saiu ferida.
Mas acho que foi bom ter começado assim, após um período se acostumando, aprendi a domar razoavelmente a fera, e hoje em dia sou feliz nessa relação.
Em comum os Mac Baren possuem um tempero típico, (conforme falávamos eu e os confrades Alexandre e Leopoldo esses dias), e a fatídica "pegada na língua". O fato é que o prazer compensa o risco, e com o tempo e seguidas picadas, chega-se a uma margem segura de degustação versus pegada.
O Light Blend foi meu primeiro Mac, e portanto, acho que também merece inaugurar minhas avaliações da marca. Além disso, foi extinto, ou melhor, renomeado pela Mac Baren, devido à exigências legais, e agora se chama Virgínia Blend.
Conforme o novo nome, trata-se de uma mistura de virgínias, de cor castanha, corte estreito e cheiro discreto no pacote.
Depois de acesso pela primeira vez e devidamente assentado no fornilho, queima bem e razoavelmente lento, considerando a falta de umidade.
A pegada é reduzida por ser um tabaco intermediário em sua força. Possui o tempero característico dos Mac Barens, algo que posso expressar como o resultado da maturação bem cuidada e a escolha de fumos de qualidade.
O aroma é simples e ao mesmo tempo marcante, demonstrando os doces virgínias que compõe o blend, e por consequência, a percepção de um leve toque de baunilha. Um bom tabaco, honesto no que se propõe a entregar.
segunda-feira, 24 de setembro de 2007
sexta-feira, 21 de setembro de 2007
A pureza de uma boa cachimbada - Filtros - Parte 2
Por fim, chegamos ao ponto onde a capacidade criativa e inventiva do ser humano, ou seja, a porção MacGyver de cada um, se manifesta da maneira mais pura: As soluções caseiras, baseadas em experimentações de cachimbeiros buscando uma solução mais eficiente, ou, no caso, mais econômica.
A primeira que tomei conhecimento foi desenvolvida, até onde sei, pelo confrade Ananias, que publicou até um tutorial bastante explicativo sobre como usar papel de filtro de café, um material neutro e acessível, que resultou numa solução ao alcance de todos e bastante funcional, podendo ser trocada a cada fumada sem prejuízo do bolso. O filtro costuma ficar bastante úmido nesse sistema.
Cabe ainda citar o uso de carvão ativado, que pode ser adquirido em lojas de aquários. Essa solução soube através do confrade Múcio, que recomendava o uso no fundo do fornilho. É uma solução que funciona muito bem em reter resíduos, mas dependendo da quantidade utilizada, dificulta a retirada de cinzas mais para o fim do fornilho, podendo vir abaixo o que resta do tabaco não consumido.
Essa solução é obrigatória em cachimbos de porcelana e calabashs, para se evitar que resíduos entrem na câmara interna, abaixo do fornilho, dificultado a limpeza.
E finalmente, eu mesmo, depois de alguns experimentos, cheguei a uma solução mista que tenho utilizado como padrão, e que por sinal tem funcionado muito bem, mesmo com tabacos muito úmidos, e que agora gostaria de compartilhar com os outros confrades cachimbeiros.
Tinha passado a usar soluções variadas, as vezes usava filtros comprados, outras vezes os de papel e também o carvão, mas comecei meio sem querer, atiçado pela curiosidade, a ir de encontro a uma solução diferente. Analizando um filtro comum de 9 mm, busquei uma maneira de aproveitar alguma parte da extrutura. Ao abrir um deles, se verifica que a peça não tem muitos segredos, um recheio de carvão ativado, envolvido por um tubo de papel grosso, tendo numa extremidade uma peça plástica e na outra uma em porcelana resistente ao calor vindo diretamente do fornilho.
Pois bem, foi justamente essa última peça acabou se tornando o coringa da minha solução. Sendo um material altamente resistente ao calor, resolvi aquecer a peça diretamente sobre o fogo, por curiosidade de ver como ela resistiria.
Pra minha surpresa, a peça que estava escura, foi ficando ainda mais escura, e depois de pouco tempo, foi retornando ao estado original, totalmente branca, sem qualquer vestígio de qualquer tabaco que tivesse passado por ela. Ou seja, a peça ficou novinha em folha, e totalmente esterilizada.
Parecia promissor, pensei. Depois de matutar um pouco, cheguei a uma solução para reutilizar a peça, envolvendo a peça com o papel de filtro de café, formando um pequeno canudo com a peça no centro, ficando da mesma espessura que o filtro de 9 mm.
Comecei a usar no dia a dia e os resultados foram excelentes, pois a peça em cerâmica propicia um fluxo contínuo através dos furos, além de absorver parte da umidade, e o papel complementa a absorção na medida que envolve e reveste o interior da piteira. Essa solução tem funcionado tão bem que normalmente após um fornilho inteiro, retiro o filtro numa humidade bastante baixa, sem toda aquela gosma que normalmente se forma.
Se for do gosto do cachimbeiro, nada impede de se colocar, por exemplo, dois filtros cerâmicos. A vantagem é que a peça não tem um número máximo de utilizações, basta usar um arame fino, passar pelo furo da cerâmica e deixar sobre a chama do fogão por um momento, e está pronta pra mais uma cachimbada!
E para os cachimbeiros preocupados com uma filtragem mais eficiente das substâncias resultantes da queima, indico ainda um complemento nesta solução, colocando no fundo da piteira, antes do novo filtro, um pedaço de filtro de feltro (1 cm é suficiente), dos que se encontra em casas de fumo, utilizado para cigarros artesanais, que vai complementar a retenção muito bem.
Espero que tenham gostado, apesar da postagem longa. Farei uma nova postagem com fotos descrevendo o método, mas quem se dispor, recomendo já ir testando, pois acredito que vá gostar bastante dele.
A pureza de uma boa cachimbada - Filtros - Parte 1
Como é sabido, uma boa cachimbada depende de diversos fatores, desde um bom cachimbo, feito de um bom material, de preferência o mais neutro possível, passando pelo tabaco de boa qualidade, e é claro, sem esquecer da habilidade do "operador" do cachimbo, que longe de ser natural, é adquirida e aprimorada a medida que o tempo passa.
Abro mão de falar sobre os tabacos e a habilidade neste post, talvez em outra oportunidade. No que tange ao cachimbo em si, neste post vou abordar apenas uma pequena parte do todo, os filtros, tanto os existentes comercialmente, como os alternativos.
O filtro é um componente opcional, muitos inclusive abrem mão dele, sendo que há cachimbos de qualidade e renome que sequer dispõe desse acessório.
Nessa minha jornada de cachimbeiro em formação, na qual me considero ainda num estado bastante primário, tenho sentido cada vez mais a necessidade de obter o quanto possível, uma fumada o mais pura e livre de influências estranhas à alma do tabaco escolhido.
Isso, deixo claro, em relação aos tabacos importados, devido ao seu custo, e em alguns casos, pela impossibilidade futura de voltar a provar aquele mesmo tabaco, que já não se encontra mais em produção.
Essa busca tem relação direta com o sistema de filtros utilizado, que para mim não tem necessariamente a obrigação de servir como filtro de substâncias nocivas, o que até pode influenciar um pouco no sabor, mas principalmente de proporcionar uma fumada mais seca (que também depende do fator ritmo) e de impedir a passagem de resíduos e cinzas, o que me incomoda as vezes pois costumo ir até o fim do fornilho.
Temos diversas opções de filtros disponíveis no mercado, e é raro um cachimbeiro com um pouco de experiência que já não conheça ou tenha passado por todas, basicamente pela aquisição gradual de cachimbos, dos mais simples para os mais sofisticados. É o meu caso também.
Inicialmente usei o condensador de alumínio, o qual faz muito tempo que não uso, e sinceramente não me agradou nem um pouco, acho encômodo, tanto em sua eficiência quanto em sua limpeza.
Depois, o famoso filtro de carvão ativado de 9 mm, uma boa solução, principalmente se o cachimbeiro faz questão de uma filtragem eficiente de substâncias. Entretanto, caso se adote a troca frequente, torna-se uma solução relativamente dispendiosa, afinal, com o valor gasto em 8 filtros 9 mm se
compra um tabaco nacional, e a meu ver, essa troca teria que ser feita, no máximo, a cada duas ou três fumadas, usando o mesmo tabaco, sob pena de haver um comprometimento do sabor.
Temos também os filtros de 6mm, que não tem muito segredo, já que são basicamente feitos de papel absorvente enrolado, confesso que nunca usei.
A solução com madeira de balsa é bastante econômica, já que se encontra facilmente à venda em lojas de aeromodelismo, e também bastante flexível, já que pode ser adaptada para qualquer espessura.
Continua...
quinta-feira, 20 de setembro de 2007
Agradecimentos e mudanças
Quero dizer que fico muito grato a todos, e me sinto ainda mais motivado a dar prosseguimento à empreitada.
De resto, com a venda de alguns cachimbos, modifiquei o link de acesso à loja, que dava acesso aos posts de venda de cachimbos, para mostrar somente os que ainda não foram vendidos.
A todos um abraço!
segunda-feira, 17 de setembro de 2007
Como umedecer tabaco ressecado
Não, não é nenhum Personal Umidificator Tabajara. Brincadeiras a parte, nenhum cachimbeiro gosta do tal tabaco palha. É aquela história, o tabaco ficou seco demais depois de passar muito tempo exposto na loja ou mesmo você abriu e deixou largado mais tempo do que deveria. É suportável, mas tá longe do ideal.
E qual a melhor forma para devolver a umidade ao tabaco ressecado?
Existem inúmeras receitas, rodelas de maçã, cenoura, batata... até agora eu não tinha arriscado nenhuma, pois sempre fiquei desconfiado, e preferia acender o fumo seco mesmo do que arriscar.
Mas então cheguei a uma solução que me parece a ideal, até pela procedência, pois é recomendada pela Mac Baren.
Então, segue abaixo o processo, traduzido da versão original em inglês:
- Abra a lata ou bolsa de tabaco e coloque dentro de um saco plástico.
- Quando vapor começa formar, segure a abertura da saco plástico sobre o vapor. Assegure-se de que o vapor vai para dentro do saco plástico. 5 segundos de vapor são suficientes.
- Feche o saco plástico, e deixe descansando por mais ou menos 01 hora.
- O tabaco no saco plástico absorverá a umidade.
- Depois de mais ou menos uma hora o tabaco terá recuperado o nível original de umidade.
domingo, 9 de setembro de 2007
Loja Do Cachimbo
Além do blog, estou dando início ao meu pequeno empreendimento de venda de cachimbos, e eventualmente também algum tabaco.
Vou publicar uma postagem para cada item aqui, e cada um terá também uma galeria de fotos individual, com a descrição no lado esquerdo.
A loja/galeria com todos os modelos pode ser acessada diretamente neste link.
sexta-feira, 7 de setembro de 2007
Sutliff Private Stock Nº 2
Esta é minha primeira avaliação escrita de um tabaco. Pretendo, sempre que possível, e tendo novos tabacos a disposição (Deus proteja os cachimbeiros brasileiros da escassez!) publicar uma avaliação suscinta dos mesmos.
Antes de mais nada, uma pequena história deste tabaco, extraída da própria embalagem:
"No ano de 1849, em São Francisco, meu avô, Henry Sutliff, abriu sua primeira loja de tabacos. A habilidade de meu avô para selecionar e misturar tabacos variados trazidos por grandes navios era lendária entre seu discernido público. Entretanto, para sí próprio e poucos amigos próximos, meu avô reservava uma seleção de tabacos cuja raridade e preço impossibilitava qualquer distribuição ao grande público. Assim surgiu sobre este "estoque privado" uma lenda de inveja, do inigualável prazer de fumar. Uma lenda que você está prestes a aproveitar.
Gordon F. Sutliff"
É uma bela história não?
Não sei o quanto uma descrição dessas pode ser próxima da verdade, mas acredito que um fumo para cachimbo feito nos dias de hoje dificilmente chegaria aos pés de um fumo feito por um "tobacconist" de um século atrás. Bom, talvez existam exceções.
De qualquer modo, este tabaco foi um verdadeiro achado, pois encontrei apenas um pouch empoeirado e largado numa tabacaria da cidade. Por pouco sairia dali sem sequer ter visto.
Não sei dizer o tempo que estava parado, mas acredito que passa fácil dos cinco anos. Como eu tinha muitos pacotes abertos, principalmente de nacionais, ele ficou mais uns bons meses esperando para se revelar, e a surpresa não poderia ter sido melhor.
Conforme a embalagem, trata-se de uma mistura dos tabacos Burley e claros (Burley and Brights), maturados no processo cavendish.
O tabaco apresenta uma cor marrom escuro e uniforme. O corte é fino, e de comprimento irregular.
O cheiro do tabaco no pacote é discreto, talvez por ter perdido a umidade, o que não demonstra o extraordinário sabor dele aceso.
E eis que, ao acender ele se revela um tabaco bastante complexo, com aromas distintos, marcantes e muito agradáveis. Sua queima é razoavelmente lenta, apesar de ressecado. Pelo mesmo motivo, não tem qualquer problema de acúmulo de umidade. Se mantem bem até 3/4 da fumada, variando de sabores, sendo que na parte final, inevitavelmente se perde o restante, como é natural com qualquer tabaco, devido a degeneração provocada pelo calor e mistura de resíduos.
É sempre difícil expressar toda a complexidade de um bom tabaco com palavras, mas até onde é possível descrever, me trouxe sensações como, desde o cheiro de algo antigo e agradável, cogumelos secos, até aromas denotando fermentação. Fora aquele bendito aroma que você procura, procura, e não consegue achar uma definição!
Mas a conclusão, é que se trata de um tabaco para se tentar desvendar aos poucos, tentando identificar os aromas envolvidos, e para os que não se pode encontrar descrição, deixar na mente como referência à ele próprio.
Foi bom enquanto durou, felizmente eu ainda tenho uma loooonga jornada nessa estrada.
Nota: Conforme consta na embalagem, esta série Private Stock possuía ainda outros dois tabacos:
Bourboun and Brights Nº 1
Blacks and Brights Nº 3
domingo, 26 de agosto de 2007
Livro
Nosso mercado literário é bastante reduzido em livros que tratem de nosso velho amigo fumacento, assim, ao ver esse lançamento não pude deixar de fazer uma nota a respeito.
O Cachimbo - Ontem , Hoje e Amanhã, de autoria de Ferdinando Lombardo, segundo a sinopse, traz "A história milenar do cachimbo, suas relações com a espiritualidade e a religião dos povos nativos das Américas, seu influxo sobre a vida privada, a arte e a cultura ocidental. Cachimbos antigos e modernos. A arte no cachimbo e o cachimbo na arte. Cachimbo e saúde. Cachimbo e alma."
Disponível para venda aqui.
Fonte: Livraria Saraiva.
quarta-feira, 22 de agosto de 2007
Crônicas cachimbescas: Parte 01 - O início
Tudo na vida começa de algum ponto, o ponto de partida de uma estrada, as vezes longa, as vezes curta.
Com o cachimbo também foi assim. Cerca de uns 3 anos atrás, ele apareceu em minha vida, foi o início, e espero que a estrada seja longa, muito longa.
Na faculdade em mais um daqueles sofridos términos de período, também começou uma tradição entre eu e um grupo de bons amigos, a comemoração do fim de mais uma etapa do curso. Então, na segunda vez que essa comemoração ocorreu, um dos meus amigos trouxe um cachimbo, por que ele trouxe, até hoje não perguntei, mas gosto de pensar que tenha a ver com o simbolismo de instrumento da paz e da amizade que o cachimbo tem.
É engraçado, o cachimbo nunca foi algo inacessível, e apesar de achar um hábito saudável e agradável, somente alí conheci pessoalmente um.
Naquela noite todo mundo deu uma baforada, não tenho certeza do fumo que experimentamos, mass tenho quase certeza que foi um Cândido Giovanella Cereja. Uns gostaram mais, outros menos. Pra mim serviu como o estopim de tudo, a identificação foi tão grande que dalí em diante a curiosidade virou interesse, que por fim virou paixão.
Não sosseguei enquanto não comprei o meu primeiro cachimbo, um Bertoldi curvo, em madeira nacional (provavelmente em imbuia), piteira em chifre, barato, mas escolhido a dedo, e mais do que suficiente pra quem estava iniciando na arte.
Infelizmente, por vias do destino, esse primeiro cachimbo acabou sendo estraviado quando mandei ao fabricante para troca da piteira. Uma pena, gostaria de ter comigo, afinal o primeiro é sempre o primeiro. Espero que tenha sido adotado por alguém.
Até hoje sou meio desconfiado de piteiras de chifre, achando que trincam com facilidade. Pode ser besteira, até porque eu lembro que judiei bastante daquele cachimbo (mas até onde usei sempre resistiu bravamente), e pode ser que o aquecimento excessivo foi o responsável pelo trincamento da piteira.
Quanto as confraternizações, o cachimbo virou uma presença obrigatória, e até hoje compareço religiosamente levando um.
sexta-feira, 10 de agosto de 2007
À que veio?
Este blog é a resposta a um vontade que veio aumentando nos últimos tempos, ter um espaço onde eu possa escrever, publicar artigos, compartilhar informações, enfim, trocar idéias e devaneios sobre o mundo do cachimbo, sem esquecer dos bons tabacos (ou fumos se preferir), e o que mais tiver relação com este mundo particular e único, do qual a cada dia que passa descubro um novo e pequeno pedaço.
Sejam bem vindos!