Ontem, depois de um violento temporal no começo da noite, nos vimos sem energia elétrica aqui em casa.
Sem muito que inventar em casa, resolvo então me sentar no sofá, acender um bom fornilho e pensar um pouco na vida.
Ali no escuro, tendo a brasa alaranjada em meu fornilho como testemunha, mais uma vez me ocorre como somos dependentes da tal energia elétrica. Não só muitas de nossas necessidades, como muitos de nossos passatempos dependem diretamente dela.
Porém nessa mesma hora, não consigo evitar em abrir um sorriso de orelha a orelha, pois dou-me conta que tanto nos dias de hoje, uma época tão repleta de opções em entretenimento e diversão, como na época dos lampiões, onde não havia tanto o que fazer, mas em compensação as pessoas viam o tempo passar muito mais calmamente, o bom e velho cachimbo continua sendo fonte da mesma satisfação e inspiração. É ao mesmo tempo tão atemporal quanto simples.
Sentado ali, no escuro da sala, acabo por me sentir confortado, pois me fica a certeza que, se de uma hora para outra, nos víssemos de volta a uma época de trevas, ao menos essa satisfação não seria tirada de mim.